O planeta Terra tem muita, mas muita água. Não é à toa que é conhecido como “Planeta Água”, tendo 70% de sua superfície coberta por mares e oceanos, o que faz muitos pensarem que esse seria um recurso infinito com e milhares de centenas de litros disponíveis para vivermos. Mas não. De todo esse “lote” menos de 3% de toda essa quantidade é de água doce, ou seja, para consumo.
O número é até complicado de dizer, mas para termos uma noção, estima-se que haja cerca de 1.260.000.000.000.000.000.000 de litros de água em nosso mundo.
E de toda essa água doce nesse mundo, menos de 1% (1.260.000.000.000.000.000 L) é disponível para consumo humano. Isso porque seus outros 2,5% estão congelados em geleiras (estado sólido) ou em capotas polares nos extremos do planeta. Dos 0.5% de água restantes, sua maior parte se localiza em aquíferos subterrâneos, o que dificulta muito o acesso humano, e consequentemente o consumo.
Feito essa distinção, você sabe onde pode ser encontrado esse 1% de água doce para consumo? E o quanto ela irá durar sendo um recurso finito? Quais os setores e atividades que mais utilizam nosso precioso elemento? Vem conferir que te contamos tudo
Essa pouca água consumível se encontra em rios, lagos e mangues totalizando 0,4% das águas disponíveis. Infelizmente, tais locais vêm recebendo muita poluição por parte da população em geral, E portanto, como sabemos grande parte dessas fontes já está imprópria por conta de resíduos despejados, contaminada e degradada por más práticas humanas. Quem não conhece o famoso Rio Tietê em São Paulo, e quem se arriscaria em ingerir a água dele?!
A água, por mais que seja um recurso natural renovável abundante, é finita. A necessidade de preservação é mais do que urgente agora. Assim como sua economia.
Como se considera água potável?
Um senso comum muito tido é de que a água cristalina é potável e que não necessita de tratamento. Contudo, esse fator não deve ser avaliado levando em consideração apenas cor e odor para garantir o consumo sem riscos, haja vista que nela pode conter organismos patogênicos microscópicos causando sérios danos à saúde. Dito isso, a água potável não pode ser avaliada apenas por odor e visualmente, sendo necessário os testes de potabilidade.
Normalmente, na natureza as águas de rios e lagos não são próprias para consumo humano (nossa estatística de águas potáveis cai novamente) sem passar por processos de tratamento. Feito isso, ainda é importante que sejam feitos testes para garantir que esse líquido corresponde ao padrão de potabilidade exigido pelo Ministério da Saúde. Estando de acordo, só assim a água poderá ser disponibilizada para a população através do saneamento.
O acesso à água potável é um direito humano e deve ser assegurado pelas instituições, apenas reconhecida em 2010, quando a Organizações das Nações Unidas (ONU) reconheceu como sendo direito básico e essencial humano o acesso à água limpa e segura para se viver.
Na prática, porém, esse direito não é tão bem-posto visto que não ocorre na maioria dos casos. Milhares de pessoas vivem sem acesso à água potável e esse número tende a aumentar. No Brasil, já está em andamento no Congresso Nacional Projetos de Emenda à Constituição projetos que visam regulamentar esse direito.
Por conta desse dado assustador, a água é a protagonista do Objetivo 6 da Agenda 2030 para o Desenvolvimento (projeto da ONU, incluindo inúmeros países), que defende o acesso universal e equitativo à água potável e ao saneamento até esse mesmo ano. Ou seja: o número de pessoas sem acesso a ela deve diminuir drasticamente em menos de 8 anos e muitas das pessoas que não possuem devem começar a ter, entre muitos outros objetivos, como por exemplo, a renovação de águas poluídas.
A água no Brasil
O Brasil é um país muito privilegiado se tratando desse assunto. Isso porque dispõe de mais água doce do que qualquer outro país no mundo. Então, se esse recurso é tão abundante em nosso país, como há mais de cerca de 35 milhões de brasileiros sem esse acesso exatamente agora?!
Já sentimos o efeito da escassez hídrica em todo o território brasileiro- principalmente durante as secas que na região nordeste, e mais recentemente no racionamento em São Paulo com a crise da Cantareira. A maior parte de nossas águas (cerca de 75% da água) se encontra nos rios da Bacia Amazônica, região que é habitada por menos de 5% da população. Já nas regiões em que se encontra a maior parte da população (São Paulo, Rio de Janeiro, estados costeiros etc.) a disponibilidade de água é menor ainda, criando, assim, regiões com mais riscos de escassez que outras. Em suma: a má distribuição natural de águas impacta diretamente no acesso a ela.
Para piorar a situação, o Brasil registra elevado desperdício nas redes de distribuição: dependendo do município, até 60% da água tratada para consumo se perde, especialmente por vazamentos nas tubulações.
Mas apenas não no Brasil essa distribuição é desigual, mas pelo mundo também: 60% da água disponível está concentrada em 10 países: Brasil, Rússia, China, Canadá, Indonésia, EUA, Índia, Colômbia e Congo. Isto somado às diferenças na densidade populacional nas regiões do mundo, faz com que haja grandes variações de disponibilidade de água per capita.
Ou seja, o planeta tem água em abundância, mas ela não é prontamente disponível, visto que ainda deve ser coletada e passar por tratamentos, além de sua distribuição ser desigual. Portanto assegurar o acesso para a população e fins humanos implica em custos muito altos.
Por conta desse fato, a ONU divulgou uma pesquisa em que mostram que cerca de 10% das pessoas no mundo não têm acesso a uma quantidade mínima de água potável para consumo diário e grande parte do mundo já enfrenta problemas de escassez hídrica ou tem risco de enfrentar períodos de escassez
Seu uso industrial
Por fim, o setor que mais utiliza nossa água doce no mundo é o industrial e o da agropecuária, totalizando cerca de 22% da água mundial. O uso doméstico alcança cerca de 8%.
Em países mais industrializados, esses números mudam um pouco, tendo mais água para indústria e menos para agricultura. No Brasil, utilizamos 81% da água para a agricultura pela necessidade de irrigação e outros fins que o setor exige, como a dessedentação animal; 6% ficam para a indústria; e 10% uso domésticos, segundo relatório da Agência Nacional de Águas em 2015
Sem surpreender, a escassez hídrica deve aumentar, de 20 a 30%, até 2050 por conta da necessidade do setor industrial e doméstico, além do aumento da população mundial.
Existe, portanto, uma enorme necessidade de equilibrar a demanda desse recurso juntamente às necessidades das comunidades.
A água não pode ser vista isoladamente do saneamento. Ela é de suma importância para a vida e bem-estar, reduzindo a carga global de doenças, dando acesso à educação e proporcionando produtividade econômica.
Vamos juntos preservar a água para assegurarmos um futuro saudável e possível.
Juntos pela sustentabilidade